Lisboa está a tornar-se um hub de inovação e há oportunidades no país, em vários segmentos, diz o presidente da Jamestown. 28 ago 2024 min de leitura Com 40 anos de vida, da carteira de projetos da Jamestown fazem parte edifícios emblemáticos como o One Times Square ou o Chelsea Market, ambos em Nova Iorque (EUA). A Portugal, a empresa de investimento e gestão imobiliária chegou em 2021 motivada pela "atratividade do mercado português", conta o seu presidente, Michael Phillips, em entrevista ao idealista/news. "Continuamos expectantes e à procura de novas oportunidades de negócio", revela o gestor da empresa que começou por investir na capital em dois espaços de escritórios, o IDB Lisbon – Innovation & Design Building Lisbon e a Factory Lisbon, cujo objetivo é que sejam "disruptivos ao mesmo tempo que integram a comunidade envolvente". E o mercado residencial faz também agora parte dos planos da empresa. Dada a"elevada qualidade de vida, acessibilidade internacional e mão de obra altamente qualificada e multilingue" do país, Michael Phillips considera que "o mercado imobiliário português oferece uma variedade de segmentos atrativos com potencial de retorno a longo prazo", detalhando que, além do residencial, os "segmentos escritórios e uso misto apresentam-se como particularmente promissores". Por tudo isto, a estratégia da Jamestown passa por encontrar empreendimentos de utilização mista, que possam trazer valor acrescentado e criar hubs verticais em torno de clusters de inovação, especialmente na área da tecnologia climática, segundo o responsável. O especialista frisa que "a força de trabalho atual procura mais do que um espaço de trabalho e tem de ter condições atrativas para se sentir motivada em deslocar-se até ao escritório", deixando um alerta às empresas que "é importante que estejam atentas de modo a conseguir disponibilizar-lhe essa oferta". Por outro lado, "tendo em conta a escassez estrutural da oferta residencial em Lisboa", a empresa está também interessada em "oportunidades residenciais onde possamos otimizar os custos de construção de raiz, bem como em projetos de requalificação", adianta o presidente da Jamestown, nesta entrevista ao idealista/news. A Jamestown “aterrou” em Portugal em 2021, com a aquisição do edifício de escritórios JQOne, entretanto batizado como IDB Lisbon. Que balanço faz da atividade no país? O que fez com que a empresa quisesse investir no mercado nacional? A Jamestown é uma empresa de investimento e gestão imobiliária com um forte foco em design, com um historial de 40 anos na criação de lugares que inspiram e contribuem para o desenvolvimento e integração da comunidade. Exemplo disso são edifícios como o One Times Square e o Chelsea Market, ambos em Nova Iorque, que são marcos históricos da cidade. Esforçamo-nos por criar uma rede global de hubs de inovação com foco na tecnologia climática, entre outras indústrias - e esse esforço inclui as nossas propriedades em Lisboa. Creative commons A chegada da Jamestown a Portugal aconteceu em 2021, face à atratividade do mercado português, com a aquisição do emblemático edifício de escritórios JQOne – tradicionalmente conhecido como Entreposto. Vimos potencial para criar um espaço que não só atraísse empresas inovadoras e startups, mas também envolvesse a comunidade envolvente. Acrescentámos arte e um rooftop com oferta gastronómica, entretenimento ao vivo, pistas de skate e muito mais. Como parte da nova oferta e posicionamento do edifício, em 2022 também mudámos o seu nome para IDB Lisbon - Innovation & Design Building Lisbon, apresentando-o como um hub para empresas inovadoras com um forte foco em design. Desde então, trouxemos para o IDB Lisbon várias empresas e organizações dos setores da tecnologia, saúde, finanças e criatividade. Em paralelo, no ano de 2023, tornámo-nos gestores da Factory Lisbon, em parceria com a Factory International. A Factory Lisbon é um campus de inovação e empreendedorismo localizado no Beato Innovation District. Este edifício histórico, outrora uma fábrica de manutenção militar, conta agora com inquilinos como a Web Summit, a Escola 42 e o TUMO e já garantimos a ocupação total dos 8.000m2 de escritórios do edifício. Atualmente, face às condições atrativas do mercado português, continuamos expectantes e à procura de novas oportunidades de negócio em Lisboa. Esforçamo-nos por criar uma rede global de hubs de inovação com foco na tecnologia climática, entre outras indústrias - e esse esforço inclui as nossas propriedades em Lisboa. O IDB Lisbon conta com quatro novos inquilinos: Pictet Technologies, UpHill, Mamma Team e Circutor. Está totalmente ocupado? É de esperar novidades em breve sobre este imóvel? Neste momento, contamos com 18 inquilinos, que ocupam 90% do edifício. O significa que ainda temos 4,500 metros quadrados (m2) disponíveis para receber empresas que procurem um espaço para dar asas à sua criatividade e negócio num edifício disruptivo. Em breve, iremos ter também novidades em relação ao projeto de requalificação do edifício, no qual temos vindo a trabalhar. O objetivo será transmitir, ainda mais, o espírito disruptivo do IDB Lisbon, sem esquecer a integração e importância da comunidade, bem como as caraterísticas únicas e a história do edifício. Creative commons O que distingue o IDB Lisbon de outros imóveis de escritórios em Portugal? Foi, por exemplo, renovado recentemente, para estar preparado para os novos requisitos dos arrendatários no pós-pandemia? Se sim, quais foram as alterações? O IDB Lisbon vai além do conceito tradicional de escritório ao proporcionar experiências enriquecedoras aos seus inquilinos. Desde eventos culturais até a implementação de serviços e infraestruturas que promovem um sentido de comunidade, o edifício cria um ambiente que fomenta a criatividade e inovação. O IDB Lisbon dispõe de grandes lajes e tetos altos, que criam um ambiente mais espaçoso e flexível, ideal para empresas que necessitam de adaptar rapidamente o layout do escritório ao dinamismo do seu negócio. No que diz respeito às normas ambientais, sociais e de governança (ESG), o IDB Lisbon respeita os mais elevados padrões, refletindo um compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social, através de práticas que vão desde a eficiência energética até a promoção de um ambiente de trabalho saudável e inclusivo. O IDB Lisbon uma opção única e atrativa para empresas que procuram um espaço moderno, flexível e que atenda às expectativas de um mundo pós-pandemia. Contudo, o que se destaca e é o grande fator diferenciador do IDB Lisbon é a forma como este conjuga o lazer com o trabalho: conta com o IDB Rooftop, um terraço panorâmico com diversas ofertas culturais que permitem aos colaboradores usufruir de atividades gratuitas antes ou após o trabalho; uma vasta oferta cultural, face à relação da Jamestown com a arte e o design, que faz com que o edifício conte com diversas obras de arte no seu interior e exterior; e, ofertas pensadas para facilitar o quotidiano dos colaboradores e tornar o edifício o mais completo possível, tal como é exemplo o ginásio gratuito para colaboradores, que proporciona uma opção conveniente para a prática de exercício físico, ajudando os inquilinos a ter uma vida equilibrada. Além do IDB Lisbon, a Jamestown gere também em Lisboa (em parceria com a Factory) a Factory Lisbon, que está totalmente ocupada. Fale-nos um pouco sobre este espaço? A Factory Lisbon é um campus de inovação e empreendedorismo situado no Beato Innovation District, um ecossistema vibrante e criativo que visa transformar a área ribeirinha de Lisboa num centro de excelência em inovação. O espaço foi projetado especificamente para acolher startups e empresas tecnológicas e criativas, oferecendo espaços de trabalho adaptáveis e modernos que incentivam a colaboração e a inovação. A sua localização, à beira-rio, não só proporciona vistas deslumbrantes, mas também um ambiente inspirador e energizante para os seus ocupantes. Este projeto combina ainda a riqueza histórica com a modernidade, estando instalado no edifício histórico da antiga Manutenção Militar. Esta fusão de passado e presente confere ao espaço um charme único, que atrai tanto empresas emergentes quanto estabelecidas. Google Maps Este ambiente colaborativo é essencial para fomentar a criatividade e o crescimento, tornando-se um ponto focal para a inovação em Lisboa e exemplifica como a reabilitação de espaços históricos pode ser utilizada para impulsionar o desenvolvimento económico e social. A Factory Lisbon não é apenas um local de trabalho, mas uma parte integral de um ecossistema maior que promove a interconexão e a troca de ideias entre diversas empresas e setores. Estes são os dois únicos ativos/investimentos da Jamestown em Portugal, certo? A empresa tem em vista novos investimentos em imobiliário comercial no país? Se sim, quais? Habitação pode ser uma aposta, o build-to-rent, por exemplo)? Sim. Neste momento, o IDB Lisbon – Innovation & Design Building Lisbon e a Factory Lisbon são os únicos projetos que a Jamestown tem em Portugal. Continuamos a ver Portugal como um país atrativo para investir, dada a sua elevada qualidade de vida, acessibilidade internacional e mão de obra altamente qualificada e multilingue. Consequentemente, o mercado imobiliário português oferece uma variedade de segmentos atrativos com potencial de retorno a longo prazo. O nosso foco está em Lisboa, onde pretendemos procurar por empreendimentos de utilização mista que sejam verdadeiras oportunidades de trazer valor acrescentado, e onde possamos criar hubs verticais em torno de clusters de inovação, especialmente na área da tecnologia climática. Getty images Consideramos que existem oportunidades interessantes no segmento de escritórios, nomeadamente na requalificação e em estratégias manage-to-green, bem como na requalificação de utilização mista de maior dimensão em submercados em ascensão, que se destinam a inquilinos inovadores. Tendo em conta a escassez estrutural da oferta residencial em Lisboa, estamos também interessados em oportunidades residenciais onde possamos otimizar os custos de construção de raiz, bem como em projetos de requalificação. O ambiente colaborativo é essencial para fomentar a criatividade e o crescimento. A reabilitação de espaços históricos pode ser utilizada para impulsionar o desenvolvimento económico e social. Quanto é que a Jamestown já investiu, até à data, em Portugal e quanto prevê investir nos próximos anos? Era o valor previsto inicialmente? Preferimos não falar de valores, neste momento. A pandemia trouxe muitas mudanças no mercado de trabalho, tendo o teletrabalho e o regime híbrido ganho expressão. Mas parece haver agora uma tendência de “regresso aos escritórios”. Concorda com esta visão? Porquê? A força de trabalho atual procura mais do que um espaço de trabalho e tem de ter condições atrativas para se sentir motivada em deslocar-se até ao escritório: a criação de uma comunidade, a construção de um ambiente colaborativo com um sentido de lugar distintivo, a flexibilidade proporcionada pelos espaços partilhados, espaços versáteis que deem resposta aos seus diferentes propósitos, e onde possam conjugar a sua vida profissional com o lazer e bem-estar. Assim, é importante que as empresas estejam atentas de modo a conseguir disponibilizar-lhe essa oferta. Em suma, a tendência de regresso aos escritórios está a ser impulsionada pela procura de ambientes de trabalho que oferecem mais do que um simples espaço físico, mas sim uma comunidade colaborativa, flexível e tecnologicamente avançada. A Jamestown está comprometida em criar esses espaços, que respondem às expectativas modernas e promovem um sentido de comunidade e inovação. Estamos também interessados em oportunidades residenciais onde possamos otimizar os custos de construção de raiz, bem como em projetos de requalificação. O segmento de escritórios em Portugal continua a ser aliciante e rentável para os investidores? Porquê? Sim, o segmento de escritórios em Portugal continua a ser atrativo para investidores, face à combinação atrativa que oferece: qualidade de vida, talento qualificado e custos operacionais baixos, em comparação a outros mercados, o que impulsiona a procura por espaços modernos e bem localizados. Isto tem-se verificado no aumento da procura deste mercado por startups e multinacionais que pretendem instalar os seus centros globais de serviços em Portugal. Portugal é visto pelos investidores estrangeiros como um país seguro, mas instável em termos legislativos, o que poderá fazer com que olhem para outras geografias. Partilha desta visão ou considera que Portugal continua a ser um destino atrativo para os investidores imobiliários? Portugal continua a ser um destino atrativo para os investidores imobiliários. Diversos fatores contribuem para esta atratividade, nomeadamente o seu valor a longo prazo, a elevada qualidade de vida, a acessibilidade internacional e uma mão de obra altamente qualificada e multilingue. Estes elementos fortalecem o mercado imobiliário português, oferecendo uma gama de segmentos atrativos com potencial de retorno a longo prazo. Especificamente em Lisboa, verifica-se mais oportunidades no mercado residencial e na conversão de espaços para uso residencial, impulsionado pela escassez estrutural de oferta habitacional. Os segmentos de escritórios e de uso misto apresentam-se como particularmente promissores. Além do segmento residencial, os segmentos de escritórios e de uso misto apresentam-se como particularmente promissores. A capital portuguesa está a tornar-se um hub de inovação, o que atrai empresas e startups interessadas em desenvolver e expandir as suas atividades localmente. No que à Jamestown diz respeito, estamos atentos ao mercado e à sua conjuntura, e os segmentos de escritórios e de uso misto continuam a ser os mais promissores e aqueles nos quais temos interesse. Fonte: Idealista Partilhar artigo FacebookXPinterestWhatsAppCopiar link Link copiado